domingo, 2 de agosto de 2020

Vidraceiro assume guarda de filho ‘devolvido’ para abrigo


Por segurança, os personagens dessa história não terão seus nomes revelados. Ela tem um começo feliz, um meio triste e um final emocionante. No centro dela, está um vidraceiro de 35 anos que sempre soube que adotaria uma criança.

A criança entrou na vida dele com 5 anos. O vidraceiro lembra que foi amor à primeira vista, ao ver a foto do menino antes de dar entrada no processo de adoção. Nessa época, ele era casado, mas o casamento acabou, em meio ao ciúme e às brigas com sua companheira.

Na separação, a mulher fez questão de ficar com a guarda do garoto. “Nos separamos, mas sem muitas divergências, então achei que não tivesse problema ele ficar com ela, mas sempre deixei claro que meu sonho era que ele morasse comigo”, disse o vidraceiro ao Campo Grande News.

O pai continuou vendo o garoto até que, em maio do ano passado, ele recebeu uma ligação do Núcleo de Adoção da Vara da Infância e Juventude, dizendo que a ex-mulher tinha devolvido o menino, sem muitas explicações.

O menino não chegou a ser entregue ao abrigo e, poucos dias depois, ele voltou para a casa do pai. “A ligação foi numa terça e na sexta-feira eu peguei ele de volta. Foi um alívio”, lembra o pai.

Em casa, a relação dos dois ia muito bem, mas o comportamento do filho mudou de repente. Durante uma conversa, ele revelou que sentia saudades da irmã que estava no abrigo. Os dois e mais quatro irmãos sofriam maus-tratos na família biológica e foram encaminhados pela Vara da Infância e Juventude para abrigos. A irmã mais velha a era a única que não tinha sido adotada.

O vidraceiro lembra de ter conhecido a irmã do filho, mas à época tinha escolhido ter apenas um filho. Diante da tristeza do garoto, ele mudou de ideia.

Ele voltou ao Fórum para saber se tinha condições de adotar outra criança. Para sua surpresa, ele ouviu um sim do Núcleo de Adoção e, três meses depois da audiência, a família estava reunida. “Foi uma alegria para ele e toda nossa família. Tenho muitos sobrinhos e minha mãe foi quem se propôs a me ajudar a cuidar dele.”

A menina é mais quieta e tímida que o irmão, mas ela não esconde a alegria de estar em uma nova família. A adaptação tem sido um pouco lenta porque ela foi devolvida duas vezes ao abrigo.

O desejo do vidraceiro é que um dia as crianças o chamem de pai. Apenas o filho o chama assim, enquanto a filha o chama de “tio”. Porém, o amor que o vidraceiro sente pelos dois filhos é de pai.

“Até me emociono porque muita gente não entende. Me chamam de louco por ter uma vida simples e adotar duas crianças. Dizem coisas terríveis de filho que mata pai depois que cresce, mas eu não acredito em nada disso, sei que eles só precisam de amor”, finaliza o pai.

Foto de capa © Fernando Antunes/Reprodução





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