Cada fase da vida reserva boas experiências, mas os 30 anos são
conhecidos como a fase do despertar da maturidade. Para os que apreciam
uma boa leitura, a Revista Bula realizou uma seleção com 30 livros
essenciais para se ler antes dos 30 anos. Todas as obras selecionadas
são consideradas clássicos da literatura e fazem provocações e reflexões
sobre temas inerentes à vida em sociedade, como o amor, as amizades, a
solidão e a ganância. A lista contempla obras de diferentes épocas,
estilos literários e nacionalidades. Entre os destaques, estão: “Crime e
Castigo” (1866), de Fiódor Dostoiévski; “O Homem Sem Qualidades”
(1943), de Robert Musil; e “Rumo ao Farol” (1927), de Virginia Woolf.
O Príncipe (1532), de Nicolau Maquiavel
Nesta
obra, Maquiavel expressa nitidamente o seu desejo de ver uma Itália
poderosa e unificada. Para que isso aconteça, ele acredita que a nação
precisa de um monarca com pulso firme, que defenda seu povo sem medir
esforços. Em 26 capítulos, o autor elenca os tipos de principado
existentes e as diferenças entre cada um deles. Maquiavel também
discorre sobre os alicerces do poder, analisando as leis e as armas e,
por fim, debate as normas de conduta necessárias para que um Príncipe
consiga reconstruir a Itália. A obra foi escrita em 1513, mas a primeira
edição foi publicada postumamente, em 1532. Ainda hoje, é considerada
um guia sobre como chegar ao poder e mantê-lo.
Viagem ao Redor do Meu Quarto (1794), de Xavier de Maistre
A
partir da experiência de ter sido preso, Xavier de Maistre escreveu
“Viagem ao Redor do Meu Quarto”. Ao longo do livro, ele narra uma viagem
de 42 dias que fez dentro de seu quarto. Sem sair de seus aposentos, o
autor encontra objetos que o levam a refletir satiricamente sobre a
morte, a amizade, o poder, a sociedade e suas injustiças.
Impossibilitado de abandonar aquelas quatro paredes, Maistre as observa
como se fossem paisagens de uma terra distante e enaltece esta nova
forma de viagem que, segundo ele, é ideal para pobres, enfermos e
preguiçosos. O livro tornou-se rapidamente um clássico da literatura,
inspirando outros grandes escritores, como Machado de Assis.
David Copperfield (1850), Charles Dickens
Publicado
originalmente na forma de folhetim entre 1849 e 1850, “David
Copperfield” é o romance mais autobiográfico de Charles Dickens. Nele,
acompanhamos a jornada do herói a partir da história de David, que vive
na Inglaterra dos anos 1820. David nasce em uma sexta-feira à noite, o
que é sinal de má sorte. Órfão de pai, ele sofre com os maus-tratos do
padrasto, que envia o garoto a um colégio interno para afastá-lo da
família. Após a morte da mãe, o jovem conta com a ajuda de amigos para
superar as dificuldades da vida, até se casar com a mulher que ama e se
tornar um famoso escritor.
Walden ou A Vida nos Bosques (1854), Henry D. Thoreau
O
livro é uma autobiografia escrita pelo pensador estadunidense Henry
David Thoreau. Insatisfeito com a complexidade da vida moderna,
impulsionada pelo avanço da industrialização e da urbanização, Thoreau
propõe o retorno ao simples. Em 1845, ele se retira para a floresta,
onde constrói com as próprias mãos seus móveis e sua casa, à beira do
lago Walden. Ali, ele vive isolado por dois anos, com o propósito de
obter uma maior compreensão da sociedade e de descobrir as necessidades
essenciais da vida. Por meio dessa experiência, o autor prova que uma
vida simples e humilde é viável, contrariando a sociedade capitalista.
Crime e Castigo (1866), de Fiódor Dostoiévski
Publicado
em 1866, “Crime e castigo” é a obra mais célebre de Fiódor Dostoiévski.
Neste livro, Raskólnikov, um jovem estudante, pobre e desesperado,
perambula pelas ruas de São Petersburgo até cometer um crime que tentará
justificar por uma teoria: grandes homens, como César ou Napoleão,
foram assassinos absolvidos pela História. Este ato desencadeia uma
narrativa labiríntica que arrasta o leitor por becos, tabernas e
pequenos cômodos, povoados de personagens que lutam para preservar sua
dignidade contra as várias formas da tirania.
As Aventuras de Huckleberry Finn (1884), Mark Twain
A
história se passa no interior dos Estados Unidos, em meados do século
19, e é a continuação do livro “As Aventuras de Tom Sawyer”. O narrador é
Huckleberry Finn, o melhor amigo de Tom. Para se livrar do pai bêbado e
violento, o garoto Huckleberry se refugia em uma pequena ilha do rio
Mississippi. No local, ele conhece Jim, um escravo fugido, que se torna o
seu aliado. Usando uma balsa, a inusitada dupla se lança numa viagem
pelo leito do rio, às margens da sociedade pré-Guerra Civil Americana. O
objetivo deles é chegar até a cidade de Cairo, onde eles podem pegar
uma embarcação para os Estados livres, onde não existe escravidão.
Bel Ami (1885), de Guy de Maupassant
Georges
Duroy, conhecido como Bel-Ami, é um rapaz pobre e de origem camponesa
que tenta se estabelecer em Paris. Com a ajuda de seu ex-colega do
exército, Forestier, ele ingressa no jornal La Vie Française, mesmo sem
qualquer experiência com a escrita. Duroy é ambicioso e, para ascender
socialmente, usa seu charme de galanteador. Ele sempre consegue das
mulheres o que deseja: de algumas, momentos de prazer; de outras, até
mesmo casamento, dinheiro e projeção profissional. Ele enxerga suas
amantes como meros instrumentos para sua escalada social e, assim, as
oprime e engana, mas jamais alcança a real satisfação que procura.
Lord Jim (1899), de Joseph Conrad
Jim
é um jovem inglês, o primeiro marinheiro do Patna, um navio de
peregrinos que viajam até Meca. O navio entra em dificuldades e Jim,
arrastado pela confusão, junta-se ao Capitão e ao restante da tripulação
para abandonar o navio, deixando os passageiros sem amparo. Alguns dias
mais tarde, os passageiros do Patna são resgatados por um navio inglês.
A atuação covarde da tripulação é denunciada, e Jim perde seu posto.
Para fugir desse episódio vergonhoso e reconstruir honra, Jim parte para
Patusan, onde pretende recomeçar. A obra foi publicada como uma série
na revista “Blackwood’s”, entre outubro de 1899 e novembro de 1900.
As Asas da Pomba (1902), de Henry James
“As
Asas da Pomba” é considerado um dos romances mais dramáticos e
impactantes de Henry James. Na narrativa, o autor aborda os conflitos
entre a aristocracia do século 19. Para isso, ele se utiliza de um
complexo triângulo amoroso formado pelo casal de noivos londrinos Kate
Croy e Merton Densher, e pela jovem herdeira americana Milly Theale.
Kate e Merton desejam se casar desesperadamente, mas têm pouco dinheiro.
Kate sabe que Milly é apaixonada por seu noivo e que está sofrendo com
uma grave doença. Por isso, ela pede que Merton se case com Milly para
que, após sua morte, ele herde todo o dinheiro da jovem e finalmente
possa se casar com ela.
Infância (1914), de Máximo Gorki
O
primeiro volume da trilogia autobiográfica de Máximo Gorki narra a
infância do autor, criado pelos avós no final do século 19, na cidade
russa de Níjni-Novgórod. A obra acompanha a vida nesse ambiente violento
e, ao mesmo tempo, cheio de afeto. O cotidiano é observado pelos olhos
de uma criança, que nem sempre compreende o que está assistindo. As
cenas familiares mostram os conflitos, sobretudo as brigas por dinheiro e
pelas propriedades da família, compensados pela ternura da avó
analfabeta, que encanta o garoto com sua religiosidade pagã e com as
histórias e canções da tradição popular russa. Os outros livros que
completam a trilogia são: “Ganhando Meu Pão” e “Minhas Universidades”.
A Montanha Mágica (1924), de Thomas Mann
O
livro conta a história de um jovem engenheiro naval alemão, chamado
Hans Castorp. Ele visita o primo numa clínica destinada ao tratamento de
tuberculosos em Davos, na Suíça. Apesar de ir ao local apenas para uma
visita, Castorp começa a apresentar sintomas de tuberculose e acaba
estendendo sua estadia por anos, sempre adiando sua saída por causa da
doença. Nesse período, o jovem se afasta de sua carreira e família,
sendo atraído pela doença e pela introspecção. Thomas Mann começou a
escrever “A Montanha Mágica” em 1912, mesmo ano em que sua mulher,
Katharina, foi internada com tuberculose. O livro teria sido inspirado
nesse episódio.
O Lobo da Estepe (1927), de Hermann Hesse
Harry
Haller acredita que sua integridade depende da vida solitária que leva
em meio às palavras de Goethe e as partituras de Mozart: um intelectual
próximo aos 50 anos, tentando equilibrar-se à beira do abismo dos
problemas sociais e individuais, ante os quais a sua personalidade se
torna cada vez mais ambivalente. Haller sente um permanente mal-estar,
cuja fonte é sua inadequação à sociedade e à vida burguesa. Ele aluga um
quarto na casa de uma senhora, onde pretende se isolar e se matar
quando fizer 50 anos. Mas, ao conhecer Hermínia, Maria e Pablo; Haller
embarca em uma viagem de autoconhecimento que pode levá-lo à redenção.
Rumo ao Farol (1927), de Virginia Woolf
O
livro é centrado em Ramsay — uma mulher madura, bela, maternal e serena
—, e seu marido, o sr. Ramsay — um renomado e árido filósofo, que são
pais de oito filhos. Dividido em dois períodos — antes e depois da
Primeira Guerra Mundial —, o livro marca a estrutura de classe inglesa e
a radical ruptura com o vitorianismo depois da guerra. A história se
inicia em 1910, quando os Ramsay hospedam alguns amigos em sua casa de
verão. Eles planejam visitar o farol, mas o clima não está favorável.
Alguns personagens morrem durante a guerra e, dez anos depois, o sr.
Ramsey volta à casa de verão com dois de seus filhos para, enfim,
concretizar o plano de conhecer o farol.
Enquanto Agonizo (1930), William Faulkner
Neste
romance, o autor distancia-se da aristocracia sulista americana para
falar de gente comum e humilde, como a família Bundren, que se reúne
para cumprir o último desejo da matriarca: ser enterrada em Jefferson,
sua terra natal, ao lado de seus parentes. O marido e os cinco filhos
partem com o caixão determinados a cumprir seu objetivo, sem saber que
essa viagem mudaria suas vidas. Cada capítulo é narrado por um dos
personagens que está na viagem: de Vardaman, o filho mais novo, até
Cash, o primogênito. Dessa forma, o leitor enxerga a peregrinação dos
Bundren por diferentes perspectivas. O livro foi eleito um dos cem
melhores romances em inglês do século 20 pela editora Modern Library.
Pergunte ao Pó (1939), de John Fante
O
livro tem como protagonista Arturo Bandini — alter ego de Fante —, um
sujeito ítalo-americano vivendo como aspirante a escritor em Los
Angeles. Ele mora em um quarto de hotel barato, durante a década de
1930, e passa os dias caminhando pelas ruas, tentando vivenciar
experiências que o inspirem a escrever um livro. Com um conto pulicado,
Bandini não consegue escrever mais e, além disso, passa por muitas
dificuldades financeiras. Mas, arrumar um emprego está fora de seus
planos. Arturo Bandini está determinado a viver apenas de literatura,
ainda que a realidade seja desanimadora. O livro também aborda a relação
conturbada entre Bandini e Camilla, uma garçonete mexicana.
Por Quem os Sinos Dobram (1940), de Ernest Hemingway
A
história, cujo pano de fundo é a Guerra Civil Espanhola, narra três
dias na vida de Robert Jordan, um americano integrante das Brigadas
Internacionais. Jordan é um grande conhecedor do uso de explosivos e
recebe a missão de dinamitar uma ponte, por ocasião de um ataque
simultâneo à cidade de Segóvia. Para isso, Jordan vai para as montanhas,
onde fica a ponte, e se junta a outros guerrilheiros para cumprir sua
missão: Pablo, um homem inteligente e dissimulado; Pilar, uma cigana que
lidera o grupo; e Maria, a guerrilheira por quem Jordan se apaixona.
Para a obra, Hemingway se inspirou em sua experiência pessoal como
voluntário da Guerra Civil Espanhola.
O Homem Sem Qualidades (1943), Robert Musil
A
história se passa em Viena, no fim do império Austro-húngaro, às
vésperas da Primeira Guerra Mundial. A trama é centrada em Ulrich, um
matemático de 32 anos que busca um sentido para a vida, mas acaba
fracassando em seu intuito. Sua flexibilidade moral e indiferença ao
mundo o transformaram em um homem sem qualidades. Por insistência do
pai, Ulrich se envolve com a Ação Paralela, um grupo sob a liderança do
Conde Leinsdorf, que estava preparando uma grande festa para comemorar
os 70 anos do reinado no imperador Francisco José I. Por meio das
relações de Ulrich, o romance aborda a decadência dos valores vigentes
até o início do século 20.
Doutor Fausto (1947), de Thomas Mann
Em
“Doutor Fausto”, Thomas Mann faz uma releitura moderna da lenda de
Fausto, na qual a Alemanha trava um pacto com o demônio — uma alegoria à
ascensão do Terceiro Reich e à renúncia do país a sua própria
humanidade. O protagonista é o compositor Adrian Leverkühn, um gênio
isolado da cultura alemã, que cria uma música radicalmente nova e
balança as estruturas da cena artística da época. Em troca de 24 anos de
inspiração musical sem paralelo, ele entrega sua alma e a capacidade de
amar as pessoas. Apesar de conseguir alcançar a perfeição artística,
Adrian sofre quando o pacto começa a ser cobrado pelo diabo.
O Apanhador no Campo de Centeio (1951), J.D. Salinger
O
livro acompanha um fim de semana da vida de Holden Caulfield, um jovem
de 17 anos, estudante de um respeitado internato para rapazes, o Colégio
Pencey. Ele é expulso da escola depois de tirar notas ruins, e precisa
voltar mais cedo para casa no inverno. Durante o caminho de volta, o
rapaz busca adiar ao máximo o encontro com os pais, fazendo uma viagem
reflexiva sobre sua existência, a partir de sua peculiar visão de mundo.
Antes de enfrentar os pais, ele se encontra com algumas pessoas
importantes na sua vida e, junto a elas, reflete sobre as hesitações que
se passam em sua mente.
Os Passos Perdidos (1953), de Alejo Carpentier
Ao
fugir de uma vida árdua em Nova York, um musicólogo viaja para uma das
regiões do mundo onde a civilização não chegou: as altas extensões do
rio Orinoco, na América do Sul, tendo como missão coletar instrumentos
musicais indígenas para uma das galerias de um museu norte-americano. À
medida que ele penetra os labirintos da floresta, a viagem se revela
também uma volta às etapas históricas mais significativas da América. O
ambiente selvagem descortina uma experiência espiritual e de
autoconhecimento ao protagonista, que passa a se questionar sobre o seu
papel no mundo e suas relações.
Lolita (1955), de Vladimir Nabokov
“Lolita”
é um dos mais importantes romances do século 20. Polêmico e irônico,
ele narra o amor obsessivo de Humbert Humbert, um cínico intelectual de
meia-idade, por Dolores Haze, Lolita, de 12 anos. Humbert se casa com a
mãe de Lolita e, após a morte da esposa, começa a se relacionar com a
garota. Para evitar que Lolita fuja, ele alega que ela será enviada para
um orfanato se o deixar. Humbert também manipula a garota com dinheiro e
presentes, em troca de favores sexuais. Nabokov compôs a maior parte
do manuscrito — que ele mesmo chamou de “bomba-relógio” — entre 1950 e
1953. Nos dois anos seguintes, ouviu recusas de várias editoras. O livro
foi publicado apenas em 1955.
Grande Sertão: Veredas (1956), de Guimarães Rosa
Nesta
obra, Guimarães Rosa apresenta o sertão de uma maneira subjetiva, não
apenas como pano de fundo, mas como uma sabedoria que permeia todos os
pensamentos e atitudes do narrador da história, o jagunço Riobaldo. O
leitor encontra na obra dimensões universais da condição humana — o
amor, o sofrimento, a morte, o ódio e alegria — retratadas nas
lembranças de Riobaldo em suas aventuras no sertão mítico, e em seu amor
impossível pelo amigo Diadorim. “Grande Sertão: Veredas” foi escolhido
pela “Folha de S. Paulo”, pela “Revista Época”, e pela crítica
internacional como um dos maiores livros da literatura universal do
século 20.
On The Road (1957), de Jack Kerouac
Sal
Paradise é o narrador de “On The Road”. Ele vive com sua tia em Nova
Jersey, Estados Unidos, enquanto tenta escrever um livro. Em Nova York,
conhece um andarilho chamado Dean Moriarty. Dean é cinco anos mais novo
que Sal, mas compartilha o seu amor por literatura e jazz e a ânsia de
correr o mundo. Tornam-se amigos e, juntos, atravessam os Estados
Unidos, de New Jersey até a Costa Oeste, deparando-se com os mais
diferentes tipos de pessoas. Logo, uma viagem pelo interior do país pela
Rota 66, acaba se tornando uma jornada de autoconhecimento para Dean e
Sal.
A Condição Humana (1958), de Hannah Arendt
No
livro, Hannah Arendt pondera sobre como e porque foi possível o
surgimento do totalitarismo. A autora também examina a relação entre
totalitarismo e tradição, e como ele converteu-se em uma fenomenologia
das atividades humanas fundamentais — ameaçando sempre a condição do
homem em sociedade. Arendt sugere uma possibilidade de se reconsiderar a
condição humana a partir da reflexão sobre as atividades que são comuns
a todos os homens: o labor, o trabalho e a ação, conjunto que ela
denomina como “vita activa”.
O Leopardo (1958), de Tomaso di Lampedusa
Os
fragmentados estados italianos estavam em um tormentoso processo de
unificação, e o estabelecimento de uma nova ordem se mostrava cada vez
mais pungente. Ambientado nesse universo, “O Leopardo” acompanha a
história de Dom Fabrizio Salina e de sua decadente família aristocrática
siciliana — cujo brasão é um Leopardo —, intimidados pelas forças
revolucionárias e democráticas durante os embates dessa transição.
Ameaçado pelo fim da aristocracia, Salina precisa decidir como encarar
as novas mudanças que se impõem em sua vida. Único romance do escritor
italiano, “O Leopardo” foi recusado por duas editoras e só veio a ser
publicado um ano depois da morte de Lampedusa, em 1958, quando ganhou
atenção da crítica e transformou-se num cultuado best-seller na Itália.
Laranja Mecânica (1962), de Anthony Burgess
Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, a história se passa em uma sociedade futurista, onde a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma resposta igualmente agressiva de um governo totalitário. Alex é líder de uma gangue de delinquentes que roubam e estupram. Ele acaba sendo preso pela polícia, que o usa numa experiência chamada “Tratamento Ludovico”. Criado pelo Estado, o tratamento é destinado a refrear os impulsos destrutivos dos delinquentes. O romance foi inspirado em um fato real, ocorrido em 1944: o estupro, por quatro soldados americanos, da primeira mulher de Anthony Burgess.
Vasto Mar de Sargaços (1966), de Jean Rhys
O livro, considerado a obra-prima de Jean Rhys, foi inspirado na personagem Bertha Mason, a “louca do sótão”, esposa do sr. Rochester do clássico vitoriano “Jane Eyre”, de Charlotte Brontë. Rhys se incomodava com forma que Brontë citou o Caribe em sua obra. Além disso, ela não se conformava com a normalização da crueldade do sr. Rochester com Bertha. A construção rasa dessa personagem inspirou a autora a escrever sobre ela. O romance dá voz à mulher caribenha vivendo na Inglaterra que, assim como a Jean Rhys, sofria com as dificuldades originadas do choque entre culturas. Ao longo da obra, Bertha assume a narrativa e conta toda sua trajetória até chegar à reclusão forçada no sótão.
Cem Anos de Solidão (1967), de Gabriel García Márquez
Uma das obras-primas de Gabriel García Márquez, o livro narra a fantástica e triste história da família Buendía, que vive na pequena e fictícia Macondo, ao longo de um período de cem anos. A trama acompanha as diversas gerações da família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo em que vivem. Os Buendía nascem e morrem, vão embora ou permanecem na aldeia até seus últimos dias. O que todos possuem em comum é a luta contra a realidade e a solidão que sentem, mesmo vivendo em meio a muitos. O livro é considerado a obra que consagrou Gabriel García Márquez como um dos maiores autores do século 20.
O Mestre e Margarida (1967), de Mikhail Bulgákov
O “Mestre e Margarida”, de Mikhail Bulgákov, é considerado um dos grandes romances do século 20. Situado na Moscou dos anos 1930, o livro narra as peripécias de satã na cidade acompanhado de um séquito infernal, composto por um gato falante e fanfarrão, um intérprete trapaceiro, uma bela bruxa e um capanga assustador. Seu caminho se cruzará com o dos amantes mestre e Margarida — ele um escritor mal compreendido, autor de um romance sobre Pôncio Pilatos, ela uma das personagens mais fortes da literatura russa, que, qual Orfeu, fará de tudo para reencontrar seu amado desaparecido. História de amor e desejo, sátira do mundo das letras e das pequenas e grandes vaidades humanas, além de crítica ferina, mas bem-humorada, ao regime soviético.
Amada (1987), Toni Morrison
A
história se passa nos anos posteriores ao fim da Guerra Civil. Sethe é
uma ex-escrava que, após fugir com os filhos da fazenda em que era
mantida, foi refugiar-se na casa da sogra. No caminho, ela dá à luz a
menina Denver. Após a morte da sogra, Sethe passa a viver sozinha com
Denver na casa que é assombrada por espíritos. Paul, um ex-escravo,
aparece para afugentar as assombrações e tudo permanece em paz até a
chegada da jovem Amada, o fantasma da primeira filha de Sethe, que
morreu ainda bebê. O livro ganhou o prêmio Pulitzer de 1988 e foi eleito
a obra de ficção mais importante das últimas décadas pelo “New York
Times”.
Fonte: www.revistabula.com Por Mariana Felipe
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