domingo, 3 de fevereiro de 2019

Obra do escritor Monteiro Lobato passa a domínio público

Obra do escritor Monteiro Lobato passou para domínio público — Foto: Domínio Público / Wikimedia Common


Desde o primeiro dia deste ano, toda a obra do escritor taubateano Monteiro Lobato (1882 – 1948) passou a ser de domínio público. Com esta condição jurídica – caracterizada pelos 70 anos da morte dele –, tudo o que ele publicou fica livre para o uso comercial, como reedições em livros por exemplo, sem pagamento de direito autoral.

Pesquisadores sobre o autor apontam que a medida pode servir para que a obra dele se popularize ainda mais. O empresário que representa os descendentes de Lobato também acredita em mais popularidade, mas informou que a família vai continuar a zelar pela imagem dele. (leia mais abaixo)

Para o pesquisador Pedro Rubim, o público passará a ter outras versões dos personagens famosos, como os do Sítio do Pica-pau Amarelo. “O olhar editorial sobre o Lobato vai se diversificar muito. Para se ter uma ideia, algo parecido aconteceu com a obra de Machado de Assis, quando ele foi a domínio público. Tivemos peças e filmes que atualizavam as histórias dele”, exemplifica.

"Depois de Machado, Lobato é o escritor brasileiro mais popular a cair em domínio público. Logo, ter domínio público é uma oportunidade de as editoras trabalharem com personagens que já são populares”, explica Rubim.

Tina Lopes, coordenadora do Museu Monteiro Lobato, em Taubaté, espera que o trato dado à obra dele a partir deste ano leve em consideração os contextos envolvidos. “O meu receio é de que as pessoas não entendam e façam adaptações livremente, mas de forma que deturpe os obras. No museu o nosso plano de trabalho vai continuar seguindo o respeito à obra na íntegra”, disse.

Em 2018, mais de 108 mil visitantes passaram pelo museu que leva o nome do escritor em Taubaté, que tem atores caracterizados como personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo e uma exposição permanente sobre a vida de Lobato. A cidade também tem uma semana literária dedicada a valorizar o legado do autor.

Boneca Emília, com o visual renovado da série de TV, com Álvaro Gomes, representante da família de Monteiro Lobato — Foto: Arquivo pessoal 


Legado


O empresário Álvaro Gomes, que representa a família de Monteiro Lobato desde 1996 em negociações comerciais envolvendo a obra do taubateano, explica que vê o processo de domínio público com naturalidade.

“Mais pessoas podem passar a ter acesso às obras com essa condição. O que cai em domínio público é o texto escrito por ele. Vão aparecer versões que as pessoas vão fazer e para isso não precisa de autorização mais. Isso não significa que as pessoas poderão fazer o que quiserem de qualquer forma”, disse.

O uso dos personagens continua sendo negociado para novos produtos, como a animação do Sítio do Pica-pau Amarelo, feita em parceria com a TV Globo, que terá a quarta temporada com distribuição internacional pelo canal pago Cartoon Network.

“As editoras já estão fazendo novas leituras dos personagens, mas o visual deles, o mais famoso atualmente [da série de TV, de 2001], não faz parte do domínio público. Caso os visuais remetam a eles, pode haver problema”, explicou.

O empresário conta que nasceu em Portugal e foi atrás da família de Lobato para trabalhar com a obra dele por causa da paixão pela literatura do criador de Emília. Atualmente ele representa quatro descendentes diretos de Monteiro Lobato - entre eles a neta do escritor, Joyce Campos Kornbluh, hoje com 88 anos. Ele explica que ele e os familiares continuarão a zelar pela obra e imagem do autor.

“A obra dele é uma coisa e o legado e o homem são outras coisas. Vamos continuar zelando pela importância dele. Falar de um homem que já morreu há 70 anos como se ele estivesse aqui conosco, isso não é para qualquer autor”, finaliza.


Atores caracterizados como personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo recebem turistas no Museu Monteiro Lobato em Taubaté, SP — Foto: Divulgação/ Prefeitura de Taubaté 



Obras

A obra mais popular de Monteiro Lobato, o Sítio, tem uma coleção composta por 23 livros publicados originalmente entre 1921 e 1947.

Nascido em Taubaté, no território onde hoje fica a cidade que ganhou o nome de Monteiro Lobato, ele também teve publicações voltadas à literatura adulta, como “Cidades Mortas”, livro que escreveu no período em que foi promotor público em Areias e que retrata a decadência do Vale do Paraíba com o fim ciclo do café.





Fonte: https://g1.globo.com    Por G1 Vale do Paraíba e Região 

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