terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Com transtorno bipolar há 30 anos, aposentada lança livro dividindo experiência: 'Escrever me ajudou muito'

Aos 76 anos Irene lançou o livro Bipolaridades? Com as experiencias que ela teve durante os 30 anos após o diagnóstico — Foto: Assessoria/Arquivo pessoal 

O transtorno bipolar faz parte da rotina da filósofa e escritora Irene Lajos, de 76 anos, há três décadas. Aos 37 anos ela teve a primeira crise, foi internada e ficou no hospital por 40 dias, mas não recebeu o diagnóstico. Dez anos depois, teve uma nova crise e foi encaminhada a um psiquiatra que diagnosticou bipolaridade.

"Depois do diagnóstico já comecei o tratamento. Naquela época a medicação receitada era o lítio, eu usei por 17 anos, sempre acompanhada por terapia e claro também com ajuda familiar, que sempre foi muito importante para mim."

  O transtorno bipolar é uma doença que causa alterações no comportamento do paciente, fazendo com que apresente oscilações drásticas de humor, variando entre a euforia e a depressão repentinamente. Mesmo com o tratamento contínuo, Irene sabe que terá que conviver com o transtorno e por isso focou em aprender a aceitar-se e viver da melhor maneira possível.
Ao G1 ela disse que os métodos mudaram muito, ao logo do tempo os remédios foram substituídos e tudo se modernizou.
"A internação por exemplo, que antes era indiscriminada, atualmente depois de um movimento dos profissionais da saúde só acontece em casos extraordinários."


"Bipolaridade não é um obstáculo para viver"

O processo de aceitação foi uma fase importante para Irene. Por experiência, ela afirma que é "crucial ter em mente que a bipolaridade não é um obstáculo para viver". Quando aposentou-se, ela decidiu relatar sua experiência em livros: O primeiro foi publicado há 14 anos.
"Eu sempre escrevi, desde muito nova relatava minhas experiências como se fosse um diário. Quando eu não estava bem eu escrevia, e isso me ajudava", relata.
A repercussão da obra foi muito boa, e a incentivou a continuar escrevendo. Neste mês ela lançou a coletânea “Bipolaridade? Obras Reunidas”, que reúne três livros já publicados:

"Escrever para mim é uma necessidade, é muito importante você colocar para fora aquilo que está dentro de você, e escrever me ajudou muito. Algumas pessoas fazem isso escrevendo, outras cantando, mas de alguma maneira é importante extravasar", conclui.


Onde procurar tratamento

De acordo com médico psiquiatra José Carlos Rosa Pires de Souza, o paciente com transtorno bipolar deve ser acompanhado pela família desde os primeiros sintomas até o tratamento: "O lado afetivo é muito importante para a aceitação da doença e um tratamento correto", relata.

Em Campo Grande, de acordo com a Prefeitura, o tratamento para transtorno de bipolaridade é realizado nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e no ambulatório de psiquiatria da rede municipal de saúde (CEM). O nível de gravidade do transtorno de bipolaridade é que determina para qual destes serviços os pacientes serão encaminhados.

Em casos de crises dos pacientes, eles devem ser encaminhados para o CAPS mais próximo, lembrando que todas as unidades funcionam 24 horas por dia. As equipes do CAPSs incentivam o convívio familiar e o fortalecimento dos laços fraternos.






Fonte: https://g1.globo.com       Por Lucas Oliver*
* Estagiário supervisionado por Jaqueline Naujorks.

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