segunda-feira, 7 de outubro de 2019

+ Leitura - Grande Sertão: Veredas


Mais um livro que li quando estudava, sempre tínhamos que ler livros para fazer trabalho e prova

Grande Sertão: Veredas gira em torno do jagunço Riobaldo, também conhecido como Tatarana ou Urutu-Branco, narrador-protagonista do livro. Há na obra dois pontos aos quais o narrador se apega:

Diadorim: um também jagunço, ser misógino com quem Riobaldo estabelece uma relação diferenciada, que se coloca nos limites entre a amizade e o relacionamento afetivo de um casal.

O pacto com o demônio: estabelecendo uma relação de intertexto com a história do Doutor Fausto. A dúvida se o pacto teria se concretizado ou não (afinal , Lúcifer não se faz presente) incomoda o narrador e o leva a questionamentos profundos como a existência do diabo – e, por consequência, de Deus.

A narrativa é construída com acentos e jeitos sertanejos, característica típica do Romance Brasileiro Moderno escrito a partir "da década de 1930. O narrador conta a história a um interlocutor desconhecido, que nunca se pronuncia, a quem ele chama "Senhor, "Moço" ou "Doutor".

Em sua narrativa, intérprete dos segredos das veredas, Riobaldo tece a história de sua vida – um discurso de descoberta e autoconhecimento: revelando o sertão-mundo, revela-se a si próprio, como se dissesse “o sertão sou eu” para reconhecer-se. Nessa perigosa travessia, Riobaldo confronta as forças do bem e do mal, retoma num fluxo de memória o fio de sua vida e narra as grandes lutas dos bandos de jagunços, descreve os feitos e características de diversos personagens e revela os códigos de honra e de procedimentos do sertão.

A narrativa não segue uma forma linear, mas podemos depreender dela muito da história de Riobaldo. Conta ele que depois da morte da mãe, uma mulher pobre que vive como agregada em uma grande fazenda no interior de Minas, passou a morar com seu padrinho. Decepcionado com esse que era provavelmente seu verdadeiro pai, foge de casa. Ex-jagunço de um bando dos "sertões das gerais" (sul da Bahia, norte de Minas Gerais e norte e nordeste de Goiás), Riobaldo é levado a se juntar ao movimento jagunço ao reencontrar um amigo de infância, Diadorim.

Entretanto, segundo o próprio Riobaldo os episódios que vive com o bando não lhe trazem satisfação. O narrador, na verdade, passa a perceber que existe entre ele e Diadorim uma relação diferente da que se podia haver entre os jagunços.

O crítico literário Antonio Candido em seu ensaio "O homem dos avessos" diz que "há em Grande Sertão: Veredas uma espécie de grande princípio geral de reversibilidade, dando-lhe um caráter fluido e uma misteriosa eficácia."[5]

Diadorim representa a quintessência deste princípio. Ele é, simultaneamente, a representação do masculino e do feminino, do celeste e do demoníaco, da certeza e da dúvida. Diadorim era sério, "não se fornecia com mulher nenhuma". Destemido, calado, de feições finas e delicadas, impressionava Riobaldo e exercia sobre ele grande fascínio: "Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego".

Quando Joca Ramiro, chefe do bando, é assassinado, Riobaldo assume seu posto e decide vingar sua morte. Sentindo-se completamente encurralado ele resolve então fazer um pacto com o demônio, de modo que esse lhe permita matar seu inimigo Hermógenes e sair da situação em que se encontra. Em uma noite escura, o narrador vai, então, a uma encruzilhada. Chama o demônio pelo nome e, não recebe qualquer tipo de resposta. Não é possível afirmar com certeza se houve ou não o pacto. Essa tensão estende-se por toda a narrativa. Fato é que, depois dessa noite, o comportamento de Riobaldo se modifica radicalmente.

Um dos motes do livro se trata era justamente sobre a existência ou não do "Diabo", e se verdadeira a sua condição de pactuário. Trata-se aí de outra representação do Princípio de Reversibilidade: durante a narrativa, o narrador oscila entre o crer e o não crer, a existência e a inexistência do "coisa-ruim".

Diadorim tinha como objetivo vingar a morte do pai e consegue, após muitas lutas e andanças. Em sangrento duelo, mata Hermógenes, mas é ferido mortalmente.

Após o trágico fim de Diadorim, Riobaldo desiste da vida de jagunço e adota um comportamento de devoção espiritual, orientado pelo seu compadre Quelemém. Casa-se com Otacília e torna-se proprietário, ao receber duas fazendas de herança, assumindo, assim, a condição almejada de "homem definitivo".







Fonte: http://pt.wikipedia.org

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